Seria preciso outro livro para falar sobre a importância deste Os moços cantam & outras crônicas sobre música , organizado por Carlos Didier, reunião de textos em que Rubem Braga enaltece nossa música e seus artistas. No livro, um monumento, afirma-se tanto o Sabiá como nosso maior cronista quanto a importância do trabalho incansável de Didier, que já nos presenteou com a biografia clássica de Noel Rosa, em parceria com João Máximo, e o livro que me trouxe de volta Orestes Barbosa, meu vizinho em Paquetá. Talvez tamanha sensibilidade na escolha dos textos se deva ao fato pouco divulgado de o – permitam-me tomar posse dele em nome do Rio – nosso Didier ser musicólogo, violonista, compositor...Na verdadeira aventura, e ventura!, de viajar pelas páginas deste barco, bonde, bicicleta, pipa no alto, balão tangerina, percorremos a cidade junto com Noel Rosa, Vadico, Caymmi, cantando pela primeira vez “Rosas, rosas, rosas...” no Zicartola, Monsueto, Antônio Maria, Fernando Lobo, Vinicius, Sérgio Porto, Marino Pinto, Ataulfo... O Rio e, por extensão, o Brasil revivem noites gloriosas (“Agora é tarde para dormir cedo”)... Chão e céu cheios de estrelas que não morrem.Rubem Braga é como Eros no poema de Auden, em memória de Freud: um “construtor de cidades”, cidades de sonho onde reluz o Rio de Janeiro. A crônica “Não me diga adeus” dá o tom, sol maior, do livro: “nem tudo está perdido neste país”...