La Malinche, Pocahontas, Sacagawea – seus nomes permanecem na memória histórica porque essas mulheres uniram o mundo indígena americano e o europeu, abrindo caminho para os encontros culturais, os embates e as conexões que moldaram a sociedade e até mesmo a paisagem das Américas. Essas figuras conhecidas foram apenas alguns dos milhares que, intencionalmente ou não, serviram como intermediários no contato dos europeus com o Novo Mundo. Alida Metcalf investiga minuciosamente os muitos papéis desempenhados por eles na colonização do Brasil no século XVI. Ela revela os laços físicos entre a Europa, a África e o Brasil criados por exploradores, comerciantes, colonos e escravos, em paralelo à circulação de mercadorias, plantas, animais e doenças. Na esfera cultural, jesuítas e escravos africanos contribuíram para a mescla das tradições nativas brasileiras com suas próprias práticas religiosas, enquanto os tradutores se tornaram influentes mediadores, negociando os termos de comércio, interação e troca. Como mostra a autora, os mais poderosos eram aqueles que interpretavam ou representavam as novas terras e os povos em textos, mapas, religião e na tradição oral. A demonstração de que a colonização é sempre mediada por terceiros tem relevância para além do caso brasileiro, lançando nova luz sobre o primeiro século da história do Brasil.