Originalmente lançado em 2005, Os prismas de Gramsci, em nova edição, revisada, com sua análise rara da elaboração da política de frente única, não só permanece atual como se torna uma obra necessária nestes tempos em que as forças retrógradas parecem ter voltado a dar o tom na política.Ao tratar da ação política e do pensamento de Antonio Gramsci (1891-1937) desde a experiência dos conselhos de fábrica (1919-1920) até o momento da detenção do pensador marxista pela polícia do fascismo, em 1926, o cientista político Marcos Del Roio aborda um período pouco estudado na trajetória gramsciana. Enquanto a maior parte dos autores se debruça sobre o período carcerário (1926-1937), com certa tendência a abstrair a história concreta, o texto de Del Roio, essencialmente histórico-político, traz à tona a figura do jovem líder de um partido revolucionário às voltas com as formulações da Internacional Comunista.O livro mostra como Gramsci desenvolve a fórmula política da frente única como uma estratégia revolucionária de fôlego, algo que não foi alcançado por nenhum outro grupo político ou teórico no contexto da Internacional Comunista. Gramsci concebe na prática teórica um caminho de unificação das classes trabalhadoras, sua elevação intelectual e moral, a configuração de uma visão de mundo antagônica à da burguesia, a constituição de uma nova sociabilidade.'A aliança leniniana entre operários e camponeses, fundamento da política de 'frente única', torna-se precisa na individualização das 'forças motrizes da revolução italiana', cujos 'desenvolvimento' e 'velocidade' [...] 'não são previsíveis sem uma avaliação dos elementos subjetivos'. A combinação das categorias de 'força' (e, evidentemente, a metáfora físico-biológica e técnica) e de 'subjetividade' (a marca humanista e historicista) representam um arco de tensão no qual se moverá o conjunto da reflexão de Gramsci na prisão', destaca, no prefácio à edição original, Giorgio Baratta (1938-2010), fundador da seção italiana da Internacional Gramsci Society. A nova edição conta com um prefácio do próprio autor, no qual, além de fazer uma breve exposição dos estudos gramscianos no Brasil, ele explica o que o autor sardo tem a dizer à contemporaneidade.