A tese adotada por esse trabalho é que o objeto de estudo da Psicanálise é o sentido, com toda sua origem e qualidade inconsciente, e que a Psicanálise, devido à inspiração freudiana fundamental, consegue captálo por sua proposta terapêutica revolucionária. Ao fazêlo, a Psicanálise, por meio de sua técnica, percebe que o sujeito produtor de sentido não seria uno, mas múltiplo e inconsciente, e que encarnam subjetividades. A inspiração freudiana fundamental ampliou, assim, nossa percepção sobre o nascimento do sentido e fez vermos que naquela pessoa que nos fala habitam não só um Sujeito, mas Sujeitos que são produtores de subjetivação e frutos de experiências. Esses Sujeitos foram forjados segundo experiências vividas e habitam um campo simbólico incoativo, uma zona arqueológica de nossas experiências. Nossas reflexões nos levaram até esse ponto e nos fazem contemplar um ponto mais complexo ainda. A melhor explicitação dessa zona arqueológica da experiência que contemplamos via Psicanálise, a encontramos na proposta de MerleauPonty de uma Psicanálise Ontológica. Acreditamos que essa proposta merleaupontyana é uma intuição original, apesar de encontrarse dispersa em sua obra, do mesmo ponto que chegamos aqui. Portanto, a Psicanálise consegue nos revelar uma ontologia concreta e descrever um âmbito originário de nossa experiência.