Neste romance de ritmo ágil, o leitor irá escutar a fúria de ventos compulsivos, que assim abalam e deixam-nos perplexos, de tal sorte os gestos de criaturas primitivas, de anseios tão densos e chocantes, em meio a situações de desespero.Também encontrará gente de sentimentos inocentes, que está na vida para mostrar os seus instantes de ternura numa paisagem rústica, caracterizada pela natureza bárbara do ambiente e de seus viventes.Personagens de papel transmudam-se em gente com sangue quente a correr nas veias neste romance com seus dramas, ambições, opressões e misérias da terra. O autor revela com eles que é dotado de outra virtude: a de estar isento do tom panfletário, da ideologia extrema que contamina o estético e reprime a criação. Sua escrita está como que moldada na linguagem simples das histórias contadas pelos ancestrais, ao redor da fogueira no terreiro ou no alpendre da casa tosca, iluminada à luz de candeeiro.A narrativa desses ventos gemedores transmuda as terras do sul da Bahia, no condado imaginário do Japará, região onde a mata recuada, hostil e impenetrável, vai dando lugar às primeiras e tateantes roças de cacau e campos de pecuária. Resulta de um imaginário que ultrapassa os limites conhecidos do real no território sul baiano, das outrora ricas plantações de cacau e pioneiras fazendas de gado nas zonas do capinzal. A narrativa segura, que devassa lugares brasileiros onde a ação de personagens se desenvolve no conflito movido pelo mandonismo de Vulcano Brás e pela busca da vida livre e justa, representada pelo vaqueiro Genaro, confere permanência ao romance, depois do ato de leitura.O leitor voltará a remoer os acontecimentos do universo ficcional projetado pelo autor e perceberá a marca de um narrador dramático, que funde o real e o fantástico com maestria, dentro da metamorfose rítmica do relato, girando no seu eixo através dos novos significados recolhidos de outras passagens.Nos episódios de Os ventos gemedores latejam brutalidades dum homem