Sangomar é um local desabitado onde, na tradição animista de Serer, se reúnem os jinns e as almas dos defuntos. Na ilha vizinha, a jovem Coumba inicia uma longa viuvez, reclusa. O marido foi uma das vítimas do naufrágio do Joola. Joola era um navio de transporte de passageiros, propriedade do governo senegalês e que naufragou na costa da Gâmbia em 26 de setembro de 2002, deixando 1863 mortes e 64 sobreviventes. Estima-se que seja o segundo pior desastre não-militar da história marítima.A personagem Coumba, em Os vigias de Sangomar, quando as noites chegam, após a procissão de orações rituais e visitas obrigatórias, pode finalmente enfrentar sua dor, registrar boas lembranças e invocar os mortos. Então, seu quarto se abre aos vigias de Sangomar, espíritos de ancestrais e náufragos que lhe contam os seus destinos e que a conduzirão ao encontro de seu amado. Em Os vigias de Sangomar, Fatou Diome retoma os temas da migração — uma marca do seu projeto literário. Coumba é uma nova versão para a solidão da mulher migrante na França, a forasteira que luta para se conectar com uma sociedade estrangeira. O romance também é rico em abordar a cultura senegalesa e, de maneira sensível, a delicada relação que travamos com o luto.