Com a tradução de Otávia, tragédia pretexta pseudossenequiana, antecedida de um estudo sobre o texto, a Editora Madamu apresenta o último trabalho da professora Zelia de Almeida Cardoso (1936-2021).
Otávia – peça cujo enredo gira em torno do repúdio e da condenação da primeira esposa de Nero – se situa na raiz da teatrologia ocidental baseada em fatos da história romana. Representa o ponto inicial de uma tendência que iria desenvolver-se durante a Idade Média, atingindo o Renascimento, para florescer com a dramaturgia elizabetana e com o seiscentismo francês, chegar ao século XVIII e permanecer durante o Romantismo, o Realismo e o Modernismo, quando autores de peças teatrais e de textos e roteiros a serem utilizados em produções cinematográficas se ocuparam de temas referentes à história de Roma, sob seus múltiplos aspectos.
Se reduzíssemos o texto a uma “grande frase”, a fim de determinar-lhe a “estrutura sintática”, ou seja, as relações de dependência existentes entre as suas diversas partes, teríamos algo como: “Otávia, filha de Messalina e do imperador Cláudio, órfã, infeliz, enraivecida e desesperada, é repudiada por Nero que, depois de casar-se com Popeia, expulsa a ex-esposa de Roma e a condena à morte, acusando-a de fomentar uma sedição popular”. São os elementos de tal “frase” que se desdobram nos diversos atos que compõem a pretexta.
Nesta edição trazemos o texto em latim e a tradução em português, além de diversas notas explicativas e um glossário de nomes próprios que devem auxiliar o leitor a mergulhar no universo de intrigas e despotismo do palácio de Nero.