Em Padrões de intenção, o historiador Michael Baxandall propõe uma nova metodologia para observar obras de arte. O ponto de partida é uma análise singular da construção de uma ponte na Escócia. Baxandall isola certos fatores históricos que determinaram a obra - como a tentativa malsucedida de erguer uma ponte parecida -, de questões práticas, técnicas e daquelas que podem ser consideradas estéticas. A partir daí, ele examina três quadros específicos - Retrato de Kahnweiler, de Picasso, Uma dama tomando chá, de Chardin, e Batismo de Cristo, de Piero della Francesca - em busca de indícios históricos ou individuais que o ajudem a delinear uma espécie de "trajetória do pensamento" do artista até culminar na pintura.
Não se trata, porém, de investigar as intenções psicológicas que regem as mentes dos artistas, mas, como diz o autor, de estabelecer "uma relação entre o objeto e suas circunstâncias". Essas circunstâncias, embora diferentes para uma obra cubista e outra do Renascimento, por exemplo, se apresentam calcadas em intenções racionais. Por isso, argumenta o autor, é possível apreciar uma obra de arte mesmo que ela tenha sido criada em um contexto com o qual não temos relação. Baxandall propõe que observemos os quadros tanto individualmente como no panorama geral em que estão inseridos, permitindo assim uma análise clara, abrangente, e ainda específica e pormenorizada.