PAISAGENS EM MOVIMENTO - VOL. 2

No vasto imaginário transatlântico em que se descortinam as relações travadas pelos habitantes de Lisboa e do Rio de Janeiro, há paisagens recorrentes cujas páginas sobre elas escritas compõem um delicado jogo de sombras do que nelas se conhece ou imagina. A essas sombras, nem luz ou escuridão absolutas, acrescem-se não apenas cada experiência de viver, concreta ou literariamente, em seus espaços e lugares, sempre retomados por seus intérpretes, mas também paisagens inéditas, de que as faces impressas projetam novos contornos e sentidos ao seu corpus biobibliográfico.

Este segundo volume da série Paisagens em movimento: Rio de Janeiro e Lisboa, cidades literárias, publicada no âmbito do projeto “Páginas Paisagens Luso-Brasileiras em Movimento”, desenvolvido no Polo de Pesquisas Luso-Brasileiras, sediado no Real Gabinete Português de Leitura, com apoio da Fundação Carlos Chagas Filho de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio de Janeiro – Faperj, contém vinte estudos acerca dessas duas cidades em obras de Hans Christian Andersen, Joaquim Manuel de Macedo, José de Alencar, José Valentim Fialho de Almeida, Olavo Bilac, Nestor Victor, Fernando Pessoa, Mário de Sá-Carneiro, José Gomes Ferreira, Carlos Drummond de Andrade, José Saramago, José Cardoso Pires, Samuel Rawet, Armando Baptista--Bastos, Caetano Veloso, Luiz Ruffato, Ana Marques Gastão, José Rodrigues dos Santos e João Paulo Cuenca. Dois deles se referem, sobretudo,a cada uma separadamente, à luz de representações de Paris nas duas primeiras décadas do século XX.

Compreendem-se assim, em conjunto, reflexões de como as capitais portuguesa e brasileira, simultaneamente concordes e divergentes pela história e pela língua, aprofundam-se e adensam-se em olhares recíprocos, eventualmente mediados por uma terceira ou quarta cidade literária. Alternâncias ou respostas passadas entre uma e outra redefinem tanto suas histórias quanto os panoramas ou horizontes em que elas se revelam a cada um de seus leitores, quer em abrigo, quer em trânsito, sendo por isso entrepostos de palavras e imagens em permanente recriação.