O Simbolismo operou uma verdadeira revolução na ordem dos valores estéticos e na forma da construção da obra de arte. Na verdade, foi o principal instrumento, após o Romantismo, a abrir as portas para a grande revolta modernista que moldou a face dos universos artísticos de nosso tempo. No Brasil, o seu papel não foi menor nesse sentido, embora nos primeiros arroubos das novas concepções e da Semana de 22, fosse visto apenas sob o prisma de uma arte envelhecida e decadente . Que não era bem assim, os próprios modernistas brasileiros vieram a compreender bem depressa, à medida que se puseram a reler, por exemplo, a pujante criação poética de Cruz e Sousa. Mas, para uma revalorização crítica do conjunto, foi necessário que todo um movimento de reexame e de estudos mais atualizados fosse desencadeado, na esteira das transformações culturais e dos aperfeiçoamentos teórico-críticos que vêm enriquecendo e ampliando as leituras de nosso legado artístico. Nesse sentido, a realização de Andrade Muricy não resulta apenas numa das mais completas antologias da produção simbolista. Ela é, de fato, com seus diferentes elementos, o repertório e o texto que passou a organizar a visão renovadora e promoveu a recepção revitalizadora da criação simbolista no Brasil.