"Devemos enfrentar a verdade: o sacerdócio parece estar vacilando. Alguns padres são como marinheiros cujo navio está sendo violentamente abalado por um furacão. Eles giram e cambaleiam. Como podemos não nos perguntar quando lemos certos relatos de abuso de crianças? Como podemos não ter dúvidas? O sacerdócio, seu status, sua missão, sua autoridade foram postos a serviço dos piores. O sacerdócio tem sido usado para esconder, velar e até mesmo justificar a profanação da inocência das crianças. Aautoridade episcopal às vezes tem sido usada para perverter e até quebrar a generosidade daqueles que queriam se consagrar a Deus. A busca da glória mundana, do poder, das honras, dos prazeres terrenos e do dinheiro infiltrou-se nos corações de sacerdotes, bispos e cardeais. Como podemos suportar tais fatos sem tremer, sem chorar, sem nos questionarmos? Não podemos fingir que tudo isso não é nada. Não podemos fingir que tudo isso é apenas um acidente. Devemos enfrentar o mal. Por que há tanta corrupção, desvio e perversão? É legítimo ser responsabilizado. É legítimo que o mundo nos diga: ´Vós sois como os fariseus, dizeis e não fazeis´ (cf. Mt 23,3). O povo de Deus olha para seus sacerdotes com desconfiança. Os incrédulos os desprezam e deles desconfiam". A partir da meditação dos textos de Agostinho, João Crisóstomo, Gregório Magno, Bernardo de Claraval, Catarina de Sena, João Henrique Newman, Pio XII, Georges Bernanos, Jean-Marie Lustiger, João Paulo II, Bento XVI e o Papa Francisco,o Cardeal Sarah deseja trazer respostas concretas à crise sem precedentes que a Igreja Católica está atravessando