Nunca pensei em ter filhos. Não é que eu pensasse em não tê-los, só não usei tempo da minha infância e adolescência pensando em fi lhos. Sonhei em morar em Paris, sonhei dividir um apartamento com uma amiga, mas meus sonhos foram atravessados por uma paquera nas alturas, em um avião. Fui tomada por amor, por sonhos altos, sonhos simples de casinha, cozinha e varanda e, quando vivi tudo isso, quando tudo parecia ser redondo e fechado, pensei estar grávida e desejei tanto aquele bebê, sonhei com seu cheiro, mas, como era só um pensamento, precisei de realidade. Precisei de presença, precisei fundir o amor. Precisei criar vida. Foi assim, Alice, a semente que te germinou. Sobre Dapheny Leandro - Sou uma navegante antes de tudo. Nasci no Piauí, adulteci em Brasília, resolvi que era hora de desaguar em João Pessoa. Navego. Enquanto desbravo, levo caldo, encontro amigos, conto histórias e tive uma fi lha. Ela já tem 9 anos. Apaixono-me em língua brasileira , minhas palavras preferidas são: cafuné, cumbuca, dengo, saudade. Escrevo cartas desde a minha infância, acredito em pontes construídas com as palavras. Sou devota de que um coração pode ser embrulhado em papel de versos e prosa. Embrulhei o meu para enviar a quem quiser ler em um livro em que escrevo cartas para minha Alice que falam sobre esse mar revolto e delicioso que é a maternidade.