Ir para fora para encontrar dentro. Este livro é o registro de andanças e viagens para dentro das folhagens, dos pregos enferrujados presos por séculos nas pedras de minas desativadas; o oco das águas batendo nas folhas, o oco dos sarilhos, a batida do coração, um grunhido e o ferro ritmado dos badalos e dos cascos dos animais sobre a pedra das ruas. Uma fala corriqueira de um homem que nunca viu o mar; ou o mar para um homem que nunca ouviu um aboio, mas carrega o barulho das conchas. Reuni espelhos para reproduzir mundos já vividos. Quem nunca teve algo acontecendo como sonhado? Dos rupestres do mundo de Minas trouxe plantas e flores e os apresento, como se materializados em caixas, para você que irá ler. Abra a caixa, remova o papel e veja o que há. Na grafia de cada poema o que se pode coletar como um fio, algo visto que virasse um extrato, um sumo. Deslocamentos até o mais corriqueiro dos lugares ou para os mais inusitados falares e olhos dos seres vivos. Busco no veio das folhas meus próprios veios, e aqui estão também os teus? Observo como movem os corpos, a fala dentro da fala e que vem de fora encontrando dentro. Eu estou em outros lugares fora o de onde estou. Trouxe quatro poetas de mundos inéditos e escritas encantadas. Bate dentro de mim a mesma queda de água forte que descia pelo quintal da casa da bisavó. Ajude-me a deslocar os móveis. Vamos viajar. (S.A.N.)