Paris dividida entre heróis e traidores Em setembro de 1939, com a invasão da Polônia pelo Terceiro Reich de Hitler, teve início a Segunda Guerra Mundial. O avanço nazista sobre a Europa foi veloz, e, em junho de 1940, Paris – então capital cultural e intelectual do mundo – e parte da França foram ocupadas pelos alemães. O governo e boa parcela da população francesa capitularam; outra parte se envolveria no movimento clandestino de resistência. A Cidade Luz se ensombreceu; os museus se esvaziaram na meticulosa operação para proteger dos nazistas as principais obras de arte do país, e teve início um dos mais sombrios períodos da longa história de Paris, com intervenção política, toque de recolher, perseguição a judeus e a outras minorias, prisões arbitrárias, violência, medo e suspeita. Apenas em junho de 1944 a cidade seria libertada pelos aliados. Dan Franck se debruça aqui sobre esses turbulentos e excitantes anos em que, enquanto o mundo assistia atônito ao desenrolar da guerra, os habitantes, as ruas, as vielas, os cafés e os museus parisienses padeciam sob o jugo inimigo. Encontram-se retratados traidores e heróis, membros da resistência e colaboracionistas, artistas tentando trabalhar num clima político impossível, editores correndo atrás de papel para imprimir seus livros, cineastas em busca de bobinas de filme, escritores trabalhando com medo, outros morrendo sob tortura; Sartre escrevendo no Café Flore, com um cigarro na mão, sobre o engajamento e sobre o ser; também os escritores André Malraux, Ernest Hemingway e Marguerite Duras, o poeta Louis Aragon, Pablo Picasso, o destemido aviador e herói da Resistência Antoine de Saint-Exupéry e Sylvia Beach, proprietária da lendária livraria Shakespeare & Co. – personalidades inesquecíveis que, entre vários anônimos, habitam essa história frequentemente trágica, outras vezes heroica, mas sempre instigante.