Ganhadora de quatro Jabutis, Marina Colasanti é uma das mais importantes escritoras da literatura brasileira, com mais de 40 livros publicados. Palestrante requisitada, ensaísta, contista e autora premiada, Marina volta à poesia em PASSAGEIRA EM TRÂNSITO. Nascida na capital de uma antiga colônia italiana na África e criada na Itália, de onde emigrou para o Brasil com sua família após a Segunda Guerra Mundial, a poeta retoma sua condição itinerante neste livro. Ao registrar suas percepções de maneira tão sensível e delicada, ela nos proporciona uma deliciosa e requintada volta ao mundo (e a si) através de seu apurado olhar. “E logo”, o primeiro poema do livro, anuncia o tom da jornada em que estamos prestes a embarcar. A autora se declara a bordo de um avião que ainda taxia na pista, mas que “faz-se ave” ao se desprender do chão. Com essa belíssima imagem, podemos perceber que não estamos diante de uma passageira que simplesmente aguarda a decolagem, mas de uma viajante pronta para voar. E então, “Adiante às cegas”, como bem sugere o título do poema seguinte, Marina se lança e nos conduz em uma viagem de sensações. De um insólito dia chuvoso em Seoul a mais um domingo que se gasta em Mury, ou de uma orquídea que cresce em pleno Mar Báltico à silenciosa vida marinha de Galápagos, sempre a mesma percepção aguçada que, por vezes, chega a tornar-se avassaladora, como no dia em que ela não sai do quarto do hotel em Miami para acompanhar o peculiar “deslizar das horas no vidrespelho do edifício em frente”.