A crise nas esferas da sociedade, da religião e do conhecimento assinala para a mudança de paradigma. A pós-modernidade pede um referencial modelar que abarque a complexidade do mundo e do humano que, por sua vez, apela para um método transdisciplinar capaz de estabelecer convergências e divergências entre os saberes. Pela via do pensamento complexo (Edgar Morin) e do método transdisciplinar (Basarab Nicolescu), a teologia poderá oferecer a sua compreensão do mundo e do humano, numa contribuição para a reconstituição do sentido que tanto falta ao mundo pós-moderno. Assim, será teologia pública. Pensar a teologia pública, especificamente no âmbito epistemológico, a partir do método da correlação de Paul Tillich, é colocar a teologia cristã numa zona de encontro e diálogo para experimentar algo novo. O método tillichiano tem como lócus o lugar de fronteira (boundary-situation), que perpassa toda sua teologia e pretende explicar os conteúdos da fé através de perguntas existenciais e respostas teológicas em interdependência mútua. Só há possibilidade de fronteira na abertura provocada pela situação. Os encontros e diálogos entre o método da correlação e a teologia pública, no contexto do pensamento complexo e transdisciplinar, possibilitam contribuições à epistemologia da teologia pública no Brasil. O espaço público é o húmus ideal para que a teologia esteja com as suas fronteiras abertas e livres do isolamento disciplinar. Os espaços fronteiriços, entre saberes e possibilidades, permitem colocar a teologia ao lado das outras ciências, com poder de dizer sua palavra específica. É o momento propício para que a teologia se redescubra com uma teologia: 1) Consciente da sua tarefa e dos seus públicos; 2) Inconclusa, como possibilidade de abertura ao diferente e pela redefinição do seu lugar na vida e do seu papel no diálogo mundial e, 3) Criativa, capaz de se colocar no espaço público segura da sua especificidade epistemológica e, ao mesmo tempo, disposta ao diálogo fecundo e recíproco com a contemporaneidade.