Abordar algumas matrizes da pedagogia do imaginário infantil e a sua natureza contextual no interior transmontano, indagando acerca da sua especificidade, nortearam a realização deste livro. Neste sentido, para além de uma explanação teórica sobre apeculiaridade do imaginário infantil, a autora realizou, numa primeira fase, uma exploração dos contos do autor transmontano Trindade Coelho (1861-1908) e, posteriormente aplicou a técnica de investigação de análise de conteúdo a cinquenta contos produzidos por crianças transmontanas a finalizarem o primeiro ciclo de escolarização. Desta dupla análise foi possível aceder a um conjunto de valores e crenças que parecem edificar um imaginário específico-existenciado e conduzir à necessidade de reclamar uma pedagogia própria. Da categorização realizada a partir dos contos produzidos pelas crianças evidencia-se uma certa continuidade valorativa-cultural no imaginário transmontano, relativamente às fontes da tradição e emerge uma leitura «contrastante» com a do «mundo globalizado. Uma pedagogia promotora do imaginário infantil parece dever ter como ponto de partida, a identificação e análise das necessidades e virtualidades de um imaginário proprium e sempre complexo. Urge reconsiderar o campo ideário do saber ocidental, pois se procurámos a universalização através da racionalização e se o iluminismo foi o nosso guia, talvez seja o momento de salvaguardarmos a diferenciação através do imaginário.