Walter Benjamin, filósofo alemão cuja obra impacta o pensamento crítico até os nossos dias, impressiona pela proposta teórica e pela diversidade de recepções. Neste livro temos como o condutor três pressupostos: primeiro, o tema da crítica do capitalismo como religião perece-nos um eixo que atravessa os escritos de Benjamin. Segundo, a melhor maneira de compreender a complexidade teórica do autor é seguindo o método proposto na sua também célebre Tese I, de “Sobre o Conceito de História”, na qual a gura do anão mestre de xadrez e o autômato que vencem as partidas expressa a necessária relação entre teologia e materialismo histórico para a vitória das vítimas que historicamente anseiam a vida. Terceiro, uma revisão crítica da autoimagem da modernidade como uma sociedade desencantada, arreligiosa e secularizada, no sentido de que o capitalismo, como uma expressão social de um sistema econômico moderno, estaria isento de mitos, da fascinação e da lógica sacrificial religiosa. Tais características provocam uma série de reflexões que não estão esgotadas, e, pelo contrário, convocam outras. Esse é o propósito deste livro: provocar novas leituras de um quadro teórico que sirva para as lutas comprometidas com as vítimas da história, os vencidos por sistemas sociais injustos e opressivos, em sua busca por humanização.
Jung Mo Sung e Allan da Silva Coelho