“Não sei o que são esses textos do ponto de vista dos gêneros. Contos? Minicontos? Poemas em prosa? Autobiografia ficcional em mosaico onírico? Pouco importa: ninguém sabia direito o que eram os poemas em prosa de Baudelaire quando eles apareceram tampouco.” (Antonio Marcos Pereira).
O que importa na obra de Evanilton Gonçalves não é a forma, mas o conteúdo e o lugar do qual fala o autor. Seus pensamentos supérfluos mostram o outro lado do cartão postal, explicitam um pouco do que há de trágico em Salvador, cidade-sede das andanças que deram voz a estes escritos. Por meio de diferentes vozes, com sátira, ironia e nonsense, os textos percorrem o cotidiano da cidade e surgem enquanto o autor divaga pela urbe e investiga o graffiti em suas pesquisas acadêmicas.
Paloma Franca Amorim faz uma leitura acurada quando diz que “Evanilton fala das coisas pelo lado de fora para falar das pessoas pelo lado de dentro”. Para ela, “Evanilton produz no leitor a sensação de testemunho de uma paisagem social e histórica soteropolitana que se universaliza na medida em que suas contradições são evocadas como reflexos políticos e poéticos da ação humana, do dinheiro ou da falta dele e, sobretudo, do poder em suas mínimas expressões materiais e metafísicas.”
Antonio Marcos Pereira completa dizendo que “a vida desses textos parece estar no núcleo de estranheza do mundo que eles apalpam, nos oferecendo frestas de acesso para uma desfamiliarização do cotidiano e para uma situação na qual a ideia de ‘pensamento supérfluo’ é tão paradoxal e absurda quanto algumas das cenas narradas”.
“Porque a temperança me acompanha, minha vida, que é ruim, é boa.“.
Evanilton Gonçalves em Pensamento supérfluo no 49
2ª edição ampliada com pensamentos supérfluos inéditos!
Sobre o autor:
Evanilton Gonçalves nasceu em 30 de julho de 1986, em Salvador, Bahia, onde vive. É autor do livro de contos Pensamentos supérfluos: coisas que desaprendi com o mundo (Paralelo13S, 2017) e romance O coração em outra Amér