Sócrates é um enigma. Platão ajudou muito para que o fosse. Sócrates não queria escrever, porém Platão o escreveu em diálogos: intensos, abertos, contraditórios, para não trair tanto o mestre. Neles, encontramos a vida de Sócrates e também sua morte. Sim, sua morte, porque de Sócrates sabemos quase mais de sua morte do que de sua vida. Ou das duas, porque Sócrates morreu para dar-se vida, para não perder a vida, para ganhar outra forma de vida, para fortalecer a vida. Nada em Sócrates é simples, de uma única forma. Sócrates era um educador singular: condenado por corromper os jovens, não se reconhecia como mestre, mas aceitava que alguns aprendessem com ele. Sem ser um mestre, provocava aprendizagens.O sentido deste livro é oferecer alguns pensamentos potentes para pensar junto com eles. As falas de Sócrates, tomadas de diálogos de Platão — traduzidas diretamente do texto grego —, estão aqui acompanhadas por desenhos. Os diálogos de Platão são textos clássicos lidos em diversas culturas — contêm inúmeros tesouros para o pensamento. Não incluímos, neste livro, comentários nem explicações. Trata-se de provocar um encontro direto, sem mediações. Não há nada específico para entender, mas interlocutores para pensar. O leitor encontra-se diretamente com palavras e imagens que o fazem, talvez, iniciar um novo caminho no pensamento. Um caminho para pensar, junto a Sócrates, o que cada leitor considere significativo pensar.Assim, Pensar com Sócrates é uma iniciação à filosofia, pois esta pode começar quando conversamos com Sócrates, quando, a partir dele, questionamos o que pensamos e sabemos.