O amor, tema que permeia e impulsiona séculos de criação artística, em todos os gêneros e expressões, é o espírito e o corpo desta Pequena antologia amorosa, organizada pelos três poetas que a integram. Capa e aberturas de capítulos são ilustradas por belas e históricas imagens, que acompanham e dialogam com a atmosfera romântica dos poemas. A obra, embora apresente uma unidade temática, e uma sintonia entre os autores, no que diz respeito à intensidade visceral dos poemas, resguarda e revela singularidades de estilo, permitindo ao leitor identifi car características de cada um. Os poemas de Cecília Costa abrem a coletânea, conduzindo-nos, através de uma linguagem original e burilada, a reflexões sobre amor, morte, desejo, medo e entrega, características defl agradas no poema Aparta-te de mim: "Aparta-te de mim, Amor/ Com seus anjos, querubins, (...)/ E a voragem abissal do sexo. / Mil vezes a aridez da solidão, / A alma inteira apenas minha/ Do que ser perdida e sem nexo. (...)" Mirian de Carvalho dá prosseguimento à trilha de Eros, aliando ao romantismo, em linguagem clássica, erotismo e afirmação corporal da mulher e seu desejo, conforme sugerem trechos do poema Canções de Diotima IV: "Sob o ânimo solar, / meu felino púbis/ de acelerado ânimo. (...) meu baixo-ventre num caudaloso fluir/ a derramar-se entre as coxas. (...)". A obra, conduzida pela perspectiva de duas mulheres, passa ao poeta Francisco Caruso o condão do verbo, para concluí-la. Nos seus versos observa-se, além de um erotismo marcadamente lírico, os sentimentos de perda e solidão, conforme nos revela o poema O que resta: Do amor findo/ o que resta?/ A vontade do reatamento a razão impele. / O sinistro temor da solidão a alma repele./ O coração exige que a amada por fim se desvele. / A saudade é o gosto que resta à flor da pele." Esta Pequena antologia amorosa, por expressar, com beleza e ousadia, os sentimentos universais que nos movem, merece ser acolhida por amantes, temerosos,