Esta obra é continuidade da primeira de mesmo título - publicada em São Paulo pela Editora Vetor em 2012 e em Talant - Dijon, França, pela Editora Les Doigts Qui Rêvent em 2016 – cuja origem foi a pesquisa “O perceber e o relacionar-se do deficiente visual".
Despontou da análise e crítica à bibliografia e às pesquisas que desconsideravam as diferenças de percepção dos que dispõem e dos que não dispõem da visão, pondo a descoberto que as pessoas com deficiência visual permaneciam ocultas, ao serem apresentadas pelo referencial dos videntes. Merleau-Ponty (1971) emergiu como um caminho para esclarecer isso ao enfatizar o sujeito no mundo como corpo no mundo, que sente, que sabe, que compreende - ao propor que a ciência retornasse ao solo do mundo sensível como é na própria vida para o próprio corpo - sentinela silenciosa dos atos e das palavras; que se voltasse para o sujeito no mundo como corpo no mundo - visto como fonte de sentidos do sujeito, na totalidade da sua estrutura de relações com os outros e com as coisas ao seu redor.
O corpo próprio de cada um está no mundo - os que dispõem de todos os sentidos em suas manifestações corporais mostram as características de seu tocar, olhar, ouvir, cheirar, degustar, movimentar-se e os que não dispõem de um dos sentidos, faz uso dos sentidos de que dispõem - o surdo olha todas as coisas e também pode olhar a si mesmo, toca as coisas e toca-se tateante; da mesma forma, o cego ouve o que o cerca e se ouve também, é sensível à temperatura, à textura e vibrações do que o cerca e de si mesmo - em suas experiências.
Sintetizando, o que ficou dito podese afirmar que o Perceber a si, o outro, o entorno enraíza o Conhecimento.