A mundialização, ou como dizem os anglo-saxónicos - a "globalização", é um conceito que está na moda. É uma imposição das evoluções recentes; faz parte do espírito do tempo. Em alguns anos, ou mesmo em alguns meses, todos os problemas se tornaram "globais": as finanças e os câmbios económicos, claro está, mas também o ambiente, as técnicas, a comunicação, a publicidade, a cultura e até a política. A mundialização, sob a aparência de uma constatação de facto, é também um slogan que incita a agirno sentido de uma transformação inevitável, a de uma total mercantilização da vida. Retomado instintivamente pelos "novos senhores do mundo", este vocábulo está longe de ser inocente: deixa entender que se estaria perante um processo anónimo e universal benéfico à humanidade e que não está envolvida no tipo de empresa desejada por alguns que, para seu proveito, apresenta riscos enormes e perigos consideráveis para todos. Aquilo a que se pode chamar, de facto, uma "nova mundialização" cobre quatro fenómenos ligados, que são: a transnacionalização das empresas, a debilidade das regulações estatais a ocidente, o domínio da finança sobre a economia e o desmoronamento da economia planificada a leste. O espectro que ameaça doravante o mundo já não é o do comunismo de 1848, mas o do velho liberalismo do século XVIII. Esta "mercantilização" do mundo destrói o Estado-nação e esvazia a política da sua substância, faz pesar enormes ameaças sobre o meio ambiente, corrompe a ética e destrói as culturas. Por conseguinte, as esperanças de recomposição do tecido social só podem derivar da reinserção da economia no social.