Em vez do boneco de madeira mentiroso que sonha em se transformar em menino de carne e osso, um super-robô criado por Gepeto para uso militar.
Assim é o protagonista de um dos lançamentos mais aguardados pelos fãs brasileiros de HQs: premiada no Festival d Angoulême de 2009, a graphic novel Pinóquio, do autor francês Winshluss, é publicada no Brasil pelo selo Globo Livros Graphics.
A inocência do personagem original criado por Carlo Collodi dá lugar a um protagonista sombrio.
Pinóquio é uma máquina de guerra que, em suas andanças por locais sórdidos, entra em contato com a violência, a ganância, a corrupção e a crueldade enquanto conhece a fauna humana – do industrial que explora a mão de obra infantil (e para quem Pinóquio trabalha) a implacáveis caçadores de recompensas, além de uma Branca de Neve pós-moderna e sete anões sadomasoquistas.
A trama é contada quase exclusivamente por meio de imagens. Só há texto nas reflexões do personagem Jiminy Barata, correspondente ao Grilo Falante original.
Em sua talentosa criação, Winshluss – pseudônimo de Vincent Paronnaud – alia desenhos com alto grau de detalhamento a uma estética que mescla técnicas do grafite, da caricatura e da tira de jornal.