A arte tenta capturar o tempo. E que é o tempo? Uma ampulheta? Uma nuvem que dissolve sonhos? Um pássaro em voo noturno? Uma carta vinda de Pitangueiras? Um sonhar de amor numa rede em Pasárgada? Uma infância que não se perdeu? Cadê o menino que acordava cedo para a lida da fazenda? Cadê o menino que empunhava um bodoque e gostava de fisgar lambaris? Cadê o menino que foi expulso do colégio, mas não foi expulso da vida? Cadê o menino que cuidou da saúde pública e dirigiu faculdades, formou em mais de um curso e depois plantou café? Cadê o menino que rodou as rodas do mundo nas asas duras de um pássaro de aço? Cadê o menino que enfrentou os fuzis de uma ditadura sem graça? As memórias respondem às perguntas e continuam perguntando o porquê do crescer, o porquê da travessia, o porquê do nome. Quem tem Deus e tem Jorge, o guerreiro, sabe das lutas, sabe das pelejas, não desdenha inimigos e encara perigos. Mas se você crê, e reza a cartilha do bem, Deus o carrega no colo e São Jorge o protege das possíveis maldades. Philadelpho era esse cara. Ler Benedictus Philadelpho é reler a história de um Brasil possível, de uma Minas que teima ser tatuagem, de um rio que quer sempre o mar. Ler Benedictus Philadelpho é compartilhar a poesia que é redemoinho, é moinho, é Moema. Venha sonhar estas paragens, venha para Pitangueiras, adormeça os olhos em Pasárgada e de mãos dadas com Philadelpho, Moema e filhos continue esta viagem que começou no ontem de hoje. Ronald Claver