Uma silenciosa revolução aconteceu no meio acadêmico mundial. A Biologia sofreu abalos em seus mais profundos alicerces. O epicentro deste terremoto pode ser descrito em uma palavra: simbiose. Por causa dela estão sendo revistas a genética, a evolução celular e as explicações científicas para a origem da vida. A professora Lynn Margulis é uma das mais combativas militantes dessa revolução. Suas armas são: mente aguçada, vasto conhecimento, imaginação intensa e um pouco de irreverência. Ela aponta e atira, preferencialmente, contra o dogmatismo acadêmico. E escreveu O planeta simbiótico - Uma nova perspectiva da evolução para que o público leigo possa se inteirar da nova onda. Com seu texto claro e envolvente, Lynn demonstra que as últimas descobertas sobre a história das células podem ser tão saborosas quanto as melhores narrativas de aventura e suspense. Ela contorna hermetismos acadêmicos e explica as etapas da evolução celular através de deduções sherloquianas. Tanto a sua postura acadêmica quanto o seu currículo são pouco ortodoxos. Ainda em 1957, Lynn formou-se em Ciências Humanas na Universidade de Chicago, onde conheceu um estudante de Astronomia chamado Carl Sagan, com quem foi casada por cinco anos e de quem adquiriu o gosto pela genética. Mais tarde, após o mestrado em Biologia e o PhD em Berkeley, Margulis publicaria sua polêmica Teoria da Endossimbiose Seqüencial (Serial Endosymbiosis Theory - SET), na qual afirma que a célula como a conhecemos surgiu de associações simbióticas entre bactérias primitivas. A prova disso seria o material genético ainda encontrado nas estruturas (organelas) que flutuam no citoplasma, fora do núcleo celular, comprovando que mitocôndrias e cloroplastos já foram seres independentes. Apesar da forte resistência da comunidade acadêmica, a maior parte das idéias de Lynn Margulis é ensinada nas escolas americanas. Com a consagração de seus estudos biológicos, ela foi convidada a dirigir diversos projetos.