Algumas nações estão vivendo num ambiente de esgotamento das democracias
A crise das democracias se estende gravemente em várias nações, mesmo nas mais consagradas e maduras, basicamente porque se globalizou também um colapso social e político nos regimes democráticos. Não se trata exatamente de nos referirmos somente a um sistema que se mostra com problemas pelas enormes complexidades sociais, mas principalmente pela necessidade de se construir alternativas novas, mais efetivas e verdadeiras de Estado, possibilitar outras formas de representação e expressão de todas as forças sociais.
Os principais países da Europa, o próprio Estado americano, que por tanto tempo se gabaram de avanços sociais em seus sistemas democráticos, em geral centrados por dois grandes partidos protagonistas no ambiente político, entraram também em colapso quando suas legendas políticas assumiram condutas econômicas antissociais, produzindo em decorrência a perda de legitimidade de seus sistemas.
Partidos tradicionais perderam aceleradamente apoio das sociedades civis, as pessoas desprezam cada vez mais os temas políticos, e muitas sociedades sendo excessivamente judicializadas. Despolitizou-se a sociedade civil, ninguém confia mais nestes personagens políticos, além de uma expansão de comportamentos desviados de corrupção em todas as dimensões. É o resultado de um Estado deformado que já não consegue atender as necessidades sociais. Uma democracia liberal profundamente adoentada, que foi definida antes como um regime de “democracia ideal”, mas que entrou em crise, sob o impacto da perda de legitimidade dos governos. É fato que este modelo de gestão do Estado e da política nacional fragmentou-se. É tempo de refundar a República e o Estado brasileiro.
Paulo Roberto Cannizzaro