"Em contos que combinam o banal com o fantástico e o lirismo com a aridez, a autora traz para o leitor rostos que se escondem no meio da multidão. Uma prostituta generosa, uma moça que se relaciona com um poste de luz, garotas vítimas de estupro, uma mulher torturada, uma vaca que evita um acidente. Seu olhar se detém nos lugares para os quais não costumamos ou que evitamos olhar, para dali extrair belezas que tampouco sabemos compreender em nosso cotidiano. Sua vivência próxima da natureza, nos anos passados em uma fazenda do interior, permite que sua narrativa se estenda da mata à cidade e do absurdo à realidade com a mesma desenvoltura. Afinal, vivendo no Brasil em 2021, quem há de negar a proximidade do real ao absurdo, algo que a socióloga, infelizmente, já se habituou a conhecer. Nas palavras de Cris Meirelles, que lançam o leitor para o agora da expressão, é possível repensar o olhar e aproximar-se daquilo de que quase sempre nos distanciamos." - Noemi Jaffe "e lá está ela, a brava, a espumosa cachoeira que vem de cima e faz uma parada aqui pelo meio, nessa ladeira de pedra lisa e rosa, como se fosse ela toda vestida de baile e parasse por aqui para uma dança, escuta o barulho da água que jorra com tanta força por baixo das pedras, brigando as duas, a água e a pedra, e ninguém ganha"