Ao longo de sua atividade literária, Ivo Barroso construiu a reputação de um dos mais respeitados tradutores de poesia em nossa língua. Para tanto, teve às vezes de sacrificar sua própria criação literária para dar vida à obra alheia. Se os sonetos de Shakespeare, a obra completa de Rimbaud os as peças teatrais de Eliot conseguem alcançar o sentimento de milhões de brasileiros, isso se deve em grande medida ao trabalho de um artista brasileiro que preferiu adentrar o universo particular dos grandes autores para traduzir para o nosso idioma o significado-e a magia!-de seus textos. Pois foi assim: quando morou em Portugal, Ivo editou dois livros de poesia, "Nau dos Náufragos" (1981) e " Visitações de Alcipe" (1992), mas foi somente em 2001 que sairia no Brasil a sua " A Caça Virtual e outros poemas", finalista do prêmio Jabuti daquele ano. Dessa forma, só depois de consagrado tradutor de poesia foi que pôde demonstrar publicamente seus méritos de poeta atual, em consonância com os grandes nomes de sua geração. Mas, além desses versos de alto valor literário, ele guardava ciosamente em segredo os versos românticos que havia escrito em plena juventude, inspirados em sua vivência pessoal e no arrebatamento romântico de que foi alvo pouco depois de completar vinte anos de idade. Recém-saído da adolescência, Ivo mergulhava na grande e definitiva paixão de sua vida e colocava toda sua verve a serviço de uma derramada declaração de amor. Pois agora, 60 anos depois de escritos, Ivo traz ao grande público os versos juvenis que preenchem as páginas deste pequeno grande livro. São como as primeiras palavras de um autor que dedicaria sua vida a descobrir, reconstruir e polir algumas das mais belas palavras do mundo.