Você vai num sarau - digamos, no Quinta com poesia, na simpática casa do coletivo Conexão Mímesis -, num lançamento de livro, num evento que, de uma forma ou de outra, envolva literatura, e lá está ele: com seu sorriso modesto, sua típica discrição curitibana e sua máquina fotográfica em punho. Dias depois, disseminadas pelas redes sociais, as dezenas de fotos. O historiador que num futuro mais ou menos remoto se debruçar sobre a literatura produzida em nossa época em Curitiba vai se deparar com algumas figuras incontornáveis: Marcelo de Angelis (que infelizmente já não está entre nós), Ricardo Pozzo, Daniel Osiecki, Sálvio Nienkotter, Andreia Gavita, Paulo Bearzoti e… Decio Romano, o fotógrafo aqui citado. Esse hipotético historiador então descobrirá, pasmo, que nestes dias de obscurantismo e truculência reinava uma pujante cena literária em Curitiba. E Decio não é apenas testemunha ocular dessa cena mas personagem, ou melhor, protagonista. Pois ao lado do fotógrafo sempre alerta, está o poeta, igualmente alerta aos mínimos movimentos da vida. Ao mesmo tempo que registra a cena com seus cliques, capta as nuances que escapam às imagens com as palavras. E palavras de poeta (não de cronista) que escondem sob sua aparente simplicidade sua percuciência e precisão, como no exemplo: "Absorve-se os poemas de mel / Doces palavras, silencioso favo. // As sílabas do verso que alinhavo / Permeiam cantilenas pelo céu." Não quero aqui me antecipar ao gozo do leitor. Poesia não carece de apresentação prefácio ou prolegômenos. Só quero dizer que se você não conhece o Decio - o Decio fotógrafo e o Decio poeta -, você não sabe de nada do que rola em Curitiba no quesito poesia. Se este é o seu caso, corra atrás do atraso com este livro que reúne boa parte de sua produção nos últimos 30 anos. Se v