Em seu Relatório de 2018, o ACNUR (Alto Comissariado das Nações Unidas para Refugiados) estimou que 68,5 milhões de pessoas no mundo se encontram em situação de deslocamento, fora de seu país de origem, por diversas causas, como a negação ao acesso à nacionalidade, a direitos básicos como educação, saúde, emprego e liberdade de circulação. Pessoas perseguidas por suas origens étnicas, por suas opções religiosas e políticas. Um dos capítulos mais contundentes da política contemporânea é pois o fenômeno dos deslocamentos massivos, espaciais ou existenciais, insubmissos às políticas oficiais, alvos de hostilidades ou de comiseração. Tendo em vista esses acontecimentos, o Grupo Direitos Humanos e Políticas de Memória – DIHPOM – apresenta, nesta coletânea, um conjunto de experiências e reflexões teóricas que envolvem o exílio político, a deportação, os deslocamentos forçados, as práticas de extermínio. A pergunta central dos autores e autoras diz respeito ao papel da memória, em muitos casos, ainda por ser construída, diante da violência de que foram alvo as pessoas atingidas. Ainda, como elas podem encontrar no (des)exílio, inclusive interior, uma atitude mental que subverta a condição de vítima em condição de resistente. Tema comovente e atual, estimula novas pesquisas e uma variedade de indagações que perturbam a cômoda divisão entre economia, política e cultura.