Algo de novo desponta na literatura brasileira. Estilo, originalidade, muito humor e ironia permeiam 'Pólvora, gorgonzola & alecrim', livro escrito por Lusa Silvestre, com oito divertidíssimas e surpreendentes histórias cheias de amor, traição, suspense e gastronomia. O livro é daqueles que conquista definitivamente o leitor já na sua primeira página. Com despretensiosa habilidade, Lusa Silvestre conta histórias como se estivesse em um delicioso bate-papo entre amigos. Aqui e ali, nas entrelinhas, preciosas dicas de gastronomia são passadas, como, por exemplo, o ponto certo dos camarões e como surgiu o queijo gorgonzola. Um belo trabalho, resultado de quem aprecia um bom prato e, ao mesmo tempo, domina, com maestria, a arte da escrita. No primeiro conto, 'Para comer', o autor nos revela como um bon-vivant utiliza seus dotes culinários para aumentar o rol de suas conquistas amorosas. Em 'Presos pelo estômago', a rotina de um grupo de presidiários é alterada a partir do momento em que chega à cela um cozinheiro cearense que muda drasticamente seus hábitos alimentares e seus planos de fuga. Em 'Areias', descobrimos como um bom e inusitado churrasco pode resolver de vez as arengas da disputa política em uma típica cidadezinha do interior brasileiro, enquanto que em 'A confraria do judeu' observamos como a surpreendente descoberta de novos sabores pode mudar a vida de um casal. O mais-que-divertido 'Florais de Bach' é uma crônica sobre o desenfreado comportamento esotérico de algumas pessoas, tomando como mote a importância do paladar e do olfato no dia-a-dia de um profissional de degustação e controle de qualidade de alimentos. As agruras de um jovem ator de sucesso e sua família suburbana estão em 'O assédio', desaforado conto servido com leitão à pururuca e arroz de polvo. Em 'Factóides', um irônico retrato de um certo e conhecido perfil de jornalistas, dois chefes-de-redação mal-humorados e rivais transferem suas pendengas para a cozinha.