POR DENTRO DA MODA

Inspiradas nos sapatos de Joan Crawford no filme Almas em suplício, Shari Benstock e Suzanne Ferriss organizaram 'Por dentro da moda', uma coletânea de dezesseis textos sobre moda, dispostos em três blocos: consumo, visual e política. A obra redimensiona o ato de vestir, correlaciona o gesto com os movimentos sociais, políticos, econômicos, sexuais, e promove uma discussão sobre comportamento, corpo e atitude. Na primeira parte, A ditadura do desenho impera, seis ensaios enfatizam que a moda delimita o corpo como um território próprio, proposição justificada por especialistas com base no estudo da obra 'Vigiar e punir', de Michel Foucault. Segundo o pensador francês, o corpo está sujeito a várias forças sociais, econômicas, políticas e sexuais, e reivindica direitos e prazeres como forma de sublimar essas pressões. A professora Ingeborg Majer O’Sickey, em A revista Barbie e a utilização estética do corpo das meninas, amplia os insights de Foucault para mostrar que a boneca Barbie representa um ideal de beleza que tem sido difundido como estratégia de uma lógica capitalista de consumo. Karla Jay aponta a moda como produto de mercado capaz de promover um ideal normativo de feminilidade, e examina o esforço pioneiro de Amelia Earhart para comercializar roupas esportivas, práticas e confortáveis dentro da moda para mulheres. Linda Benn DeLibero analisa o fenômeno Twiggy, relacionando-o às mudanças políticas e sociais da década de 1960. Linhas de visão é o título da segunda partedo livro. Benstock e Ferriss selecionaram sete artigos que relacionam a câmera e o aparato cinematográfico às atitudes psicossexuais e sociais dominantes, especialmente a noção do corpo feminino e do corpo da mulher (vestido ou despido) como algo-a-ser-olhado. Os colaboradores desta etapa se perguntam quanto às diferenças e as confluências entre as imagens congeladas da fotografia de moda e as narrativas cinematográficas. Man Ray, por exemplo, é o objeto de pesquisa de Mary Ann Caws.