Mas por que, afinal, ler Hilda Hilst? Talvez a melhor resposta seja a mesma dada por um famoso escalador, ao lhe ser perguntado por que fazia questão de subir o Everest: “Porque ele está lá”. Resposta capciosa: a pracinha da esquina também está. O que a resposta, portanto, não explicita é: por que ele está lá e, apesar disso, é infrequentado? O mesmo vale para a obra de Hilda Hilst: uma obra de alta envergadura, mas praticamente abandonada na paisagem literária brasileira do século XX. Hilda Hilst não é, naturalmente, uma desconhecida. É um nome relativamente célebre para uma poeta brasileira contemporânea. Mas isto apenas reforça o quanto sua obra ainda é pouco frequentada: sua autora é mais conhecida do que ela. E há alguns fatos que o explicam (ainda que não o justifiquem): Hilda Hilst foi uma mulher de personalidade exuberante e de beleza idem. Acontece que os mesmos atributos se aplicam à sua obra. Com uma diferença: Hilst, que completaria 80 anos em 21 de abril (quando este livro terá seu lançamento), infelizmente está morta. Sua obra, ao contrário, está vivíssima.