Conhecida pela sua mata natural preservada e pelas belas praias, a Ilha Grande foi durante muito tempo sinônimo de inferno por conta das suas prisões e cárceres. De 1894 a 1994 foram jogados na Ilha pessoas suspeitas de portarem doenças infecciosas,bandidos, bêbados, vagabundos e também presos políticos. O projeto desse longo período, como revela a historiadora Myrian Sepúlveda, era colocar todos esses "indesejáveis" num lugar distante, inacessível e virtualmente invísivel. Grande parte desse horror passou a ser mais conhecido em relatos de presos políticos, como Graciliano Ramos e Orígenes Lessa. Diante dessa vasta memória que vem aos poucos sendo esquecida na Ilha Grande, o objetivo da presente pesquisa é recuperar a história desses cárceres que existiram lá, refletindo acerca das violências ali praticadas. A Ilha, apesar de suas inúmeras belezas naturais, foi conhecida durante muitos anos como "caldeirão do inferno". Suas colônias, penitenciárias e prisões sempre foram associadas às condições desumanas que dispensavam aos seus internos. Mais do que um relato sobre a Ilha Grande, o livro de Myrian Sepúlveda é uma grande reflexão sobre os processos de criação, funcionamento e desenvolvimento do sistema penitenciário em nossa sociedade. No momento em que o número de prisões tem aumentado em todo mundo, estudos como esse tornam-se cada vez mais necessários para o questionamento de estruturas consolidadas e que se revelam falidas para a solução dos problemas no país.