Quando resolvi reunir essas inquietações que vieram à tona e publicá-las, não pensava em me realizar em nada. Só conseguia pensar que plantei uma boa quantidade de árvores, que estava lançando um livro e que ainda não tenho filhos. E ficava me perguntando se ter um filho me seria tão desafiante quanto submeter meus poemas aos olhos de outrem. Se eu teria tanto medo. É...eu tenho. Mas pretendo ser pai de um livro, ou de dois. De um filho, ou de dois. Poesia? Talvez hoje nem tantos sejam afetos à poesia. Mas é inverdade dizer que muitos desses “nem tantos” sejam, em contrário, desafetos à poesia. A impressão que tenho é que as pessoas cotidianas esqueceram-se do cotidiano poético no qual estamos inseridos. Eu também sou cotidiano. E prático. E poético! Eu não tenho visão romântica sobre quase nada. Vivo o amor como o amor se apresenta pra mim e a alegria como se o mundo fosse meu; curto meus momentos tristes com o mais amargo gosto e como se fosse o último gosto que sentirei, mesmo sabendo que não é, que não será e; me posiciono pela mudança, sobre o que eu posso mudar, ou contribuir pra mudar. Porque a vida toma seus rumos tem desses aspectos: da alegria e do amor, da referência aos meus próximos – ainda que distantes -, da tristeza que, por vezes, nos atinge fortemente e da política, essa, a angustiante prova que nós brasileiros somos sem essência política. Afinal, se poesia é o extremo e se estamos tão socialmente ligados a tempos extremados, que é o hoje, senão a poesia do extremo?