Este livro analisa grandes intérpretes do Brasil no século XX, que buscaram na formação social e política de Portugal uma chave para responder à clássica questão da identidade nacional do país. Com tal horizonte são resgatados não só momentos de inflexão na história portuguesa, mas também toda uma ensaística histórica portuguesa que se debruçou sobre esses processos. Nesse resgate, o autor concentra-se num conjunto de intelectuais (Alberto Torres, Oliveira Vianna, Nestor Duarte, Raymundo Faoro e Gilberto Freyre) que elaboraram o esboço de uma sociologia política brasileira, na qual as reflexões sobre o país são apresentadas pela retomada de temas recorrentes da historiografia e do pensamento social português, estudados por intelectuais do porte de Alexandre Herculano, Antero de Quental, Oliveira Martins, Antonio Sérgio e Jaime Cortesão. Visa apontar o que considera ser uma linha de continuidade interpretativa entre essas duas tradições de pensamento, tanto no que se refere aos temas quanto em termos teóricos e epistemológicos, mesmo que isso ocorra de modo negativo, como na visão sobre o papel do colonizador português, na crítica de sua incompatibilidade com a modernidade – tema forte entre nós na década de 1930 –, e na denúncia de suas instituições, que teriam favorecido a excessiva estratificação social, e do caráter ultramontano de seu catolicismo.