Em PRESENÇA SENSíVEL, Daniel Kupermann reúne ensaios sobre o exercício da clínica e a maneira pela qual o psicanalista pode contribuir para diminuir o sofrimento dos analisados. Com inteligente senso de humor, o autor percorre assuntos interessantes e variados, sempre permeados pela história da psicanálise. São textos que expressam as inquietações e descobertas do próprio autor em suas atividades vinculadas ao tema, seja na clínica, seja na pesquisa ou na docência.Dessa maneira, é o próprio psicanalista — sua formação, sua análise e o estiloque dela pôde advir — quem, em primeiro lugar, é posto em xeque nessa experiência. A primeira parte do livro, Formação do psicanalista, trata justamente das vicissitudes do processo de institucionalização da psicanálise ao longo do século passado, com o foco principal recaindo sobre a análise à qual os psicanalistas se submetem em seu percurso de formação.Mudando sensivelmente o eixo de análise, a segunda parte do livro, Clínica e metapsicologia, é composta por dois ensaios que têm como objeto o modus operandi da clínica psicanalítica. Na terceira parte, trilogia ferencziana, está a elaboração resultante de um longo mergulho na obra do enfant terrible da psicanálise. A quarta parte, Psicanálise, criação e cultura, é dedicada à elucidação do conceito de sublimação e à demonstração da tese de que, na obra de Freud, o humor é o ato paradigmático para a compreensão do gesto criador. Por último, Afinal, o que fazer com o “Juquinha”? arrisca uma interlocução com o campo da Educação, mais especificamente com um dos temas transversais no ensino fundamental segundo os Parâmetros Curriculares Nacionais, a “orientação sexual”. O desafio, sempre estimulante, de escrever para o público leigo — no caso, professores do ensino fundamental — terminou por conduzir à “licença humorística” predominante do capítulo, que é inspirado no famoso personagem da nossa cultura cômico-popular, o indômito aluno “Juquinha”.