Resumo: Meu filho tem problemas para desenvolver linguagem. A queixa procede? Faz parte da rotina do fonoaudiólogo receber crianças pequenas com suspeitas de que apresentem dificuldades para desenvolver a linguagem. Estes casos colocam-nos questões de extrema importância, as quais não podem ficar sem respostas. Em primeiro lugar, estaria sendo a queixa procedente ou não? Devemos lembrar que crianças pequenas, por estarem em franco desenvolvimento, podem apresentar certas características em sua aquisição lingüística que não, necessariamente, representam alterações. Precisamos, portanto, diferenciar variações do desenvolvimento normal de distúrbios ou transtornos do desenvolvimento. Uma alteração existe: qual a sua dimensão e profundidade? Por outro lado, tendo sido confirmada uma alteração, deve-se caracterizar sua dimensão, ou seja, estaria ela limitada à linguagem ou envolveria outros aspectos do desenvolvimento? Podemos encontrar alterações de linguagem ocorrendo mais isoladamente porém, muitas vezes, elas fazem parte de problemas mais abrangentes, como a deficiência mental, o autismo, a paralisia cerebral e outros transtornos globais. Estes dados são de grande importância para a definição de condutas de intervenção e da formação de expectativas quanto ao prognóstico. Como responder a tais perguntas? Parte destas respostas depende de procedimentos que permitam avaliar o comportamento infantil. Neste sentido, encontramos poucos recursos clínicos à disposição dos fonoaudiólogos brasileiros, especialmente tratando-se de crianças até quaro anos, o que tem dificultado a compreensão e a orientação mais apropriada de tais casos. O PROC - Protocolo de Observação Comportamental, desenvolvido pelo Dr. Jaime Zorzi (CEFAC) e pela Dra. Simone Hage (USP - BAURU), tem por objetivo fornecer elementos que possam subsidiar o fonoaudiólogo a responder a tais questões de modo mais seguro e claro