Entre todos os pesquisadores que surgiram na análise dos dados, somente 14 deles (dos quais apenas quatro mulheres) produziram concomitantemente livros, artigos e projetos de pesquisa (de acordo com as limitações e recortes inerentes a qualquer pesquisa científica). Ou seja, existe um seleto e reduzido grupo de sociológicos que conseguiu fazer tudo isso num mesmo período: publicar artigos nos principais periódicos internacionais e livros em programas de pós-graduação consolidados, prestigiados e reconhecidos, além de receberem fomento público federal para as pesquisas que realizaram. Apesar disso, este grupo não é a regra, mas a exceção. No campo sociológico, existem diferentes regras que regem tais publicações e projetos. A maioria dos pesquisadores que publicaram mais livros não são os mesmos que publicaram mais artigos, nem os mesmos que tiveram mais projetos ou recursos do CNPq. Diante disso, confirma-se que cientistas e intelectuais são dominados e dominantes dentro do campo científico e em outros campos em que atuam, constituindo um grupo não homogêmeo (Baumgarten, 2004). Entre eles, há lutas por hegemonia (Sobral, 2001), por acúmulo de capital científico e simbólico (Bordieu, 2000,2004), por ampliação do ciclo de credibilidade (Latour e Woolgar, 1997), por consagração e reconhecimento (Bourdieu, 1984,2001). Os resultados obtidos pela pesquisa apontam também para a força dos autores institucionais na formação da agenda temática da produção do conhecimento sociológico. Tais atores não são somente recorrentes: há um pequeno grupo permanente de IES, que ocupa determinadas posições na estrutura do campo científico. Ou seja, há uma lógica de fortalecimento institucional em relação aos pares da mesma universidade tanto no financiamento como na produção, que ocupam posições dominantes no campo científico e na política de C&T. Essa lógica coloca o pertencimento a determinada instituição como influência preponderante nos processos decisórios, em detrimento da interinstitucionalidade focada em temas de pesquisa, embora as redes de pesquisa, enquanto tendência contemporânea de produção de conhecimento, estejam desapontando. Ou seja, a realidade social e o próprio fomento recente, como, por exemplo, por meio dos Institutos Nacionais de Ciência e Tecnologia (INCTs), requerem a interinstitucionalidade e a interdisciplinariedade no campo científico, ainda que o jogo de poder que o caracteriza esteja atrelado às disciplinas e ao fortalecimento de determinadas instituições.