Pureza e Perigo, traduzido sob a orientação do Conjunto de Antropologia da Unicamp, apresenta-nos e analisa, sob uma óptica funcionalista, os rituais de poluição em vários povos e culturas, considerando os conceitos de pureza e sujeira como parte de um todo maior, de uma unidade funcional a que se integram de maneira harmoniosa e consistente. A ideia de pureza e do perigo em que incorre é empregada como analogia para expressar uma visão geral de ordem social. Mary Douglas reporta-se às teor ias de Malinowski e Radcliffe-Brown, e cita com frequência Evans-Pritchard. Sua obra, controvertida e pessoal, procura integrar elementos de uma pesquisa diversificada no tempo e no espaço a conceitos fundamentais de Antropologia Cultural. As antinomias pureza/impureza, limpeza/sujeira, contágio/purificação, ordem/desordem são as constantes de uma temática que abrange desde alimentação e higiene até religião e tabus sexuais. Incluem-se aí as abominações do Velho Testamento; as religiões de povos da Polinésia e da África Central; o conceito de impureza entre os povos hindus; os costumes de índios norte-americanos; observações do quotidiano da autora e interpretação de preceitos cristãos. Trata-se de uma obra fundamental seja para a bibliografia da antropologia, seja para todos os que se interessam pelas ciências sociais e humanidades.