Lugar" é um espaço fundamental de ocupação da vida humana. Todos querem tê-lo, todos lutam por ele. Renunciar a ele, ninguém deseja; é um desprendimento que causa estranheza e até alienação, pois chega a ser uma renúncia a si próprio. Assim sendo, propõe-se desde logo: o que é lugar? Qual o espaço, não só físico, do lugar? No mundo contemporâneo, essa questão é tanto mais potencializada pelos processos que a nossa existência passa em seu contexto. E surge uma indagação dilemática: entrincheirar-se numa posição conservadora, avessa à mudança, será uma maneira de defender o seu lugar próprio? Ou desprezá-lo em seu localismo, significará enquistar-se em uma atitude hegemônica globalizante? Tais definições de fundo, que sempre estiveram presentes no debate geográfico, em seu prisma filosófico e social, na atualidade encontram-se na crista de nossa problemática geo-humana. A enfrentá-las é o que se propõem os ensaios deste livro. Partindo de uma abordagem epistemológica pela análise fenomenológica do tópos geográfico, e em diálogo com outras formas e matrizes do pensamento e da pesquisa nesse campo da investigação científica, teceu-se aqui, em tela conjunta, uma obra interdisciplinar, que busca nas epistemes detectadas as vias de acesso a horizontes alternativos e ampliados de compreensão do ser-no-mundo, focalizado em sua perspectiva presente em seu contexto geográfico e social.Assim, se a Geografia Humanista retirou o "lugar" dos esquecidos rincões passados, enquanto conceito, a sua pertinência ao universo da contemporaneidade requer um esforço interdisciplinar de interpretação, para dar conta adequadamente das transformações em curso e dos novos âmbitos emergentes no plano da sociedade e de seus embasamentos geográficos. Não se trata de uma tentativa de superação, porém de um empenho conjunto de abrir-se para uma nova visão do fenômeno estudado, do entendimento de seu ser e de suas maneiras de ser, da experiência que proporcionam e do lugar que ocupam em sua condição de modos geográficos de existência.