Desde o período Neolítico a espécie humana vem operando sucessivas metamorfoses no seu modo de viver. Como o surgimento do fogo e da agricultura, deixamos de nômades para nos tornarmos sedentários. Agora fixados a um território, passamos a nos ocupar do cultivo de plantas diversas e da domesticação dos animais. A constituição da vida coletiva e social teve grande impulso com a construção de moradias mais permanentes. Os espaços a céu aberto e ligados às habitações deram origem ao trabalho de cultivo da terra. A semente se tornou o símbolo do ciclo da vida, pois a planta que morria era enterrada e sua semente renascia. Este livro trata, em especial, da tradição milenar do cultivo de alimentos em quintais sustentáveis, prática que vem sendo aos poucos deixada de lado em razão do modelo imposto pela globalização, que alterou hábitos alimentares com o consumo de víveres e vegetais industrializados. Fruto de uma macro-pesquisa financiada pelo CNPq e desenvolvida em parceria com Universidades e Institutos Federais de quatro regiões geográficas do Brasil, os dez ensaios aqui reunidos abrangem as ciências agrárias, ambientais, sociais e humanas; discutem práticas de uso, conservação e cultivo dos quintais produtivos, nomeadamente em regiões semiáridas; compartilha reflexões teóricas acerca da agricultura familiar, práticas agroecológicas, políticas públicas, soberania e segurança alimentar, além de conhecimentos da Tradição OS Organizadores.D