Pérola engastada nas franjas da Europa setentrional, a Estônia vivenciava uma fase de ternura. Após a morte do bondoso monarca, a princesa Annieli, sua única filha, viu-se na contingência de assumir a condução do Reino. As tarefas do cotidiano e o casamento imposto pelas circunstâncias transformaram a encantadora princesa, amante da poesia e das artes, em mulher prisioneira dos seus sonhos. Esposa do Duque da Finlândia, ela fora obrigada a abdicar do verdadeiro amor adolescente: Lajosker, jovem poeta, com assento na Academia de Letras da Galáxia Estoniana! A origem plebeia de Lajosker – o garoto ferrador de cavalos na Corte – haveria de conspirar contra seus devaneios. Guindado à função de Valete por ato de sua Majestade, o Rei, sua proximidade com Annieli ampliara o seu tormento. As ambições do Duque Lenart, um nobre perverso e sem escrúpulos, as guerras envolvendo países vizinhos e a infelicidade amorosa de Annieli foram tecendo a trama de infortúnio. Perante esse cenário, o Valete da Rainha tenta fugir. Por amor. Por apego à Verdade. Sua permanência no “Mosteiro da Dormição” na graciosa Petseri o leva a empreender viagens imaginárias. Visita Platão e se faz hóspede de Agostinho de Hipona; devora as Cartas de São Jerônimo e defere respeito a Calvino; admira as Teses de Lutero sem ocultar profunda afeição por Voltaire. Ao ler os Sermões de Vieira, encanta-se com o religioso lusitano. Febrilmente almeja descortinar a morada da Verdade. Quiçá escondida no Himalaia! Enquanto a Rainha...