Do que temos medo hoje em dia? Das novidades? De ter de enfrentar dificuldades brutais? Desde seu advento, o Universo, os seres vivos e os homens criaram incessantemente leis necessárias e acontecimentos imprevisíveis. Para Michel Serres, a novidade surge do formato, assim como o ramo brota do caule. Falível e inventivo, o Filho origina-se do Pai, que dita os dogmas e as leis. Em Ramos, a partir da constatação de que é urgente reinventar a universalidade das relações dos homens com a totalidade planetária, Serres nos incita a repensar o cotidiano sem distinções entre ciências, artes, culturas e religiões. É o quarto volume da tetralogia formada pelos títulos Variações sobre o corpo (1999), Hominescências (2001) e O incandescente (2003). Dividido em duas partes, “Sistema” e “Narrativa”, é um ensaio otimista que leva o leitor a refletir sobre as ações assumidas no dia-a-dia, que apenas aparentemente parecem restritas à repetição monótona de padrões, ritmos, códigos, números, notas. A primeira parte gira em torno da ideia do formato, que está presente em todos os segmentos do cotidiano: em casa, no trabalho, na afetividade, na política. As raízes que sustentam o formato-pai, a ciência-filha e o filho adotivo condicionam a percepção global da Grande Narrativa na qual estamos todos inseridos. Na segunda parte, Serres mergulha na arborescência universal dos acontecimentos. Artistas, cientistas e filósofos, mesmo assombrados por diversas dificuldades, nunca desistem de imaginar, inventar, projetar. Sempre há, assim, novidades, desafios, ramificações. Como afirma o autor, a evolução sempre acaba por produzir um produtor de evolução.Michel Serres propõe uma estimulante releitura da história do pensamento na qual confluem, enfim, ciências, culturas, artes e religiões. Celebração da vida e mensagem de esperança para as gerações futuras, é um livro que ajuda a compreender e amar a inquietude do presente.