A poética de Rastros de luta nos traz muito do que os negros têm a dizer: De que o sequestro nunca foi por conta da mão de obra, mas do saber que as mãos negras têm.
Do que não podemos perder a atenção, pois em qualquer momento sofremos racismo, perseguições e balas certeiras. De que temos muito para dizer. Leia atentamente, pois a Poética de Hugo Paz tem luta. Tem Agogô para nos encantar. Tem berimbau gunga para que tentemos que essa fala é preta, de
preto, com pretos para todos e todas e tem atabaque para marcar os ritmos.
Tem a voz de um homem negro e marginalizado, homem negro que é marginalizado e tem sangue nas veias, homem negro marginalizado com sangue vermelho e que tem muitos deveres, homem negro marginalizado com sangue de dever, e carente dos direitos, homem negro marginalizado com sangue de dever e sem direitos que escreve.
Percebam as rimas internas e com a vida. Prestem atenção às referências, inferências e transferência que em toda dança/poema tem. Decifre, pois trata de pés, África, canção e lutas. Atine que luta se fala de felicidade e de sorriso.
De fé, Hugo Paz escreve como quem luta: Firme e certeiro. Justo e preciso. É um preto homem negro que escreve.
PLÍNIO CAMILO