Rastros do impensado, produzido a partir do VI Colóquio Internacional Escritura: Linguagem e Pensamento, ainda em 2015, quando do início do golpe de Estado ao qual o Brasil foi submetido, traz em sua integralidade e em seu próprio título o roteiro do que viveríamos no decorrer desses cinco anos e dos caminhos e reflexões que ainda tomarão nossos pensamentos e nossas realidades por um tempo que dependerá apenas de nossa capacidade de reação.
Por todos os capítulos, o rastro está lá como instinto. Da literatura, a visão de que a guerra híbrida não tem nada de novo, há 500 anos, Shakespeare já a narrava em tragédia. Das construções, remontando seu rastro aos povos primitivos, surge um caminho para a forma de habitar no pós-pandemia de Covid-19. Da filosofia, da literatura, da arte, da história, pelas vozes de Derrida, Scholem, Celan, Rosenzweig, Bloch, Kafka, Sheakespeare, Mallarmé, Rawet, Segall, Augusto de Campos, Anitta Costa Malufe, Malraux e Verônica Stigger, o roteiro preciso de como um golpe de Estado se instala, as marcas e traumas incuráveis para o povo e a medida exata de como interromper seu curso e de como punir seus atores, como forma de impedir a reincidência. Para o Brasil, o caminho não será diferente do resto do mundo. Os rastros, como instinto, estão todos dados para entender porque chegamos à essa conjuntura e para sair dela não será pela pacificação. Usando as palavras de Valéria Rezende em apresentação a outro livro da Horizonte: “Enquanto houver cinzas, há brasa!”.