Acompanhando a formação do Estado democrático moderno ao longo da história, vê-se como a ampliação cada vez maior dos direitos do homem e do cidadão por ele programaticamente defendidos, vem sendo limitada mais e mais por um conceito restritivo - o da razão de Estado. Na verdade, esse recurso, por vezes constitucional ou conjuntural, serve para propiciar não só os meios de defesa estatal e social circunstancialmente legítimos, como também para municiar as máquinas políticas e, sobretudo, as ideologias totalitárias, de um poder absoluto e destruidor de todos os direitos humanos que tem estado na base de todos os genocídios e massacres cometidos desde o século XIX até os nossos dias, em nome de uma suposta identidade e razão coletiva e/ou de Estado. É sobre esse processo, nos seus fundamentados e nos seus desenvolvimentos, que nestes ensaios aqui reunidos, Roberto Romano reflete e discute criticamente. ´Razão de Estado e Outros Estados da Razão´ levam ao leitor o pensamento e a visão de um filósofo e professor de ética, cuja presença no debate das ideias e dos problemas brasileiros e internacionais tem consubstanciado em nosso país uma lúcida e combativa posição filosófica, política e ideológica na qual a razão desnuda as desrazões da ´Razão de Estado´.´ - J. Guinsburg