Esse livro começou a ser esboçado no ano de 2016, quando fui professor substituto de Ensino de História e História do Brasil na Universidade Federal de Alagoas. Durante as aulas, a partir da interação com meus amigos-alunos, percebia que havia uma polifonia a ser problematizada quando discutíamos o eurocentrismo. Inevitavelmente, esbarrávamos nas discussões sobre as identidades brasileira e latino-americana. Afinal, decidir o que é ou não um conteúdo eurocêntrico de história remete a perceber uma demarcação forânea que porventura aliena e desloca a experiência de algo que é considerado “interno”, “próprio” ou “seu”. Como os alunos-futuros-professores-de-história entendiam a brasilidade? Como concebiam esse constructo histórico? Quais eram as estratégias e usos do passado reivindicados nas suas narrativas? Apesar de ter pistas sobre o caminho do que era ser eurocêntrico, ainda me deparava em meio a distintas visões sobre o mesmo significado. Se haveria uma polissemia interpretativa ao realizarmos uma história do conceito de eurocentrismo, de que maneira esse debate chegava aos livros didáticos? Diante das dúvidas, era preciso atingir locais mais áridos de investigação e promover uma interação entre a teoria da história, a história dos conceitos e história intelectual e a relação destas com o ensino.