Com simpatia e afeto, o autor vai puxando os fios de suas lembranças mais antigas, do nascimento (em 1914) até os 10 anos. Suas peripécias da infância são narradas em 1ª pessoa e de forma coloquial, muitas delas tendo como pano de fundo acontecimentos históricos importantes (como a Primeira Guerra Mundial e a Revolução de 1924 em São Paulo) e com a participação de personagens marcantes da época (a bailariana Anna Pavlova e o presidente Washington Luiz, por exemplo). Ao mesmo tempo em que são datados, os episódios ressaltam características infantis atemporais, construindo com muita graça uma ponte entre a infância de hoje e a de nove décadas atrás. No lugar de lições de moral, nota-se a sincera vontade de compartilhar sentimentos comuns àscrianças: o prazer de decifrar segredos do mundo dos adultos e de testar a paciência deles, o orgulho dos pais, a implicância com os professores, a delícia de soltar tiradas constrangedoras para os adultos... E, como não poderia deixar de ser (embora não seja uma obra sobre isso), estimula o hábito de ler e de apreciar os livros.